Sunday, March 19, 2006





















Deixo-me levar pelo tempo,
Esqueço-me de mim,
Finjo que estou contente,
Contentando-me assim.
Mas prezo a liberdade,
Este espaço sem sentido,
Vejo os patos e as pombas,
Eles divertem-se comigo,
E não há nada que eu não goste,
Agarro-me à solidão,
Num cigarro, num café,
Nos antros do coração…
Esta vida não perdoa,
A uma azia sem sentido,
Pois esquecemos a angústia,
Conversando com um amigo,
Voltando depois ao mundo,
De alguém que nos esqueceu,
Vamos comendo o tédio,
Procurando algum remédio,
Para tentar fugir do Breu…


















Procuro um padrão
Que descreva a liberdade do coração
Escuto o que o dia me diz e me traz
Fecho os olhos, sinto no ar
O calor de um sol presente irradiando paz
Sinto-me nu perante a grandeza
De uma vida que passa diante à beleza
Fascina-me o jeito dos sentidos
A pobreza porém de não ter amigos
Pois vive-se a vida
Mesmo sem se ver
A fraqueza eminente, de querer alguém presente
E a luxúria de não querer encontrar




















MURMÚRIO

Há um murmúrio em cada gesto teu
Que me atordoa e mente
Não sei se por ironia
Ou vontade de ilusão
Estas feridas que o tempo não leva
Cicatrizam no coração
Despido em virtude desse beijo
Que não chegou a partir
As estrelas abrem arestas
Que me embalam a dormir
Juntando o céu e a lua
Numa aguarela viva
Com cheiro a maresia e sal
Pintada por poetas a dor
Desgastando a solidão a quem lhe confessa
O murmúrio do teu amor…

Ao tempo que não é eterno
Ao vento que não sopra em vão
No lamento da saudade
Encontro a verdade
Escondida no coração
Nos murmúrios que ainda oiço
Em embalos ternurentos
Que me embalam devagar
O som triste das guitarras
Chora culpas esfarrapadas
De alguém que se culpou
Na vida que transparece
Numa planta que surge e nasce
Cresce a saudade, junta com a liberdade
Nunca sem olhar para trás…
Sento-me e o tempo passa,
Simplesmente a passar,
O tempo não tem culpa,
De eu não o saber agarrar.
Se o tempo não me liberta,
Talvez no espaço possa estar,
A liberdade de expressão,
O tempo para me libertar.
Pois cada espaço é tempo,
Cada tempo é espacial,
É dicotómico como a vida,
Na tristeza e na alegria,
Dorme o tempo para sonhar…

Saturday, March 18, 2006




















JARDIM DA ESTRELA

É bom ficar calado... A ouvir.
Escutar cada brisa que passa
Cada folha a cair...
Por entre as árvores gastas,
Que o tempo não poupou,
Deixar que o vento cante,
Esperando que o tempo mande,
Promessas de uma outra cor...
E é tão bom ficar assim,
Escutando a solidão,
Ouvindo a liberdade,
Limpando o coração...