Sunday, March 19, 2006





















MURMÚRIO

Há um murmúrio em cada gesto teu
Que me atordoa e mente
Não sei se por ironia
Ou vontade de ilusão
Estas feridas que o tempo não leva
Cicatrizam no coração
Despido em virtude desse beijo
Que não chegou a partir
As estrelas abrem arestas
Que me embalam a dormir
Juntando o céu e a lua
Numa aguarela viva
Com cheiro a maresia e sal
Pintada por poetas a dor
Desgastando a solidão a quem lhe confessa
O murmúrio do teu amor…

Ao tempo que não é eterno
Ao vento que não sopra em vão
No lamento da saudade
Encontro a verdade
Escondida no coração
Nos murmúrios que ainda oiço
Em embalos ternurentos
Que me embalam devagar
O som triste das guitarras
Chora culpas esfarrapadas
De alguém que se culpou
Na vida que transparece
Numa planta que surge e nasce
Cresce a saudade, junta com a liberdade
Nunca sem olhar para trás…

1 comment:

Anonymous said...

Cada murmúrio, enraizado na pele e no peito, deita-se connosco, todas as noites, e grita-nos ao ouvido a palavra "saudade". Quebra o silêncio perpétuo da solidão e rasga-nos o rosto na frieza de cada lágrima.

Continua a escrever e a desenhar!
Bem hajas!